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terça-feira, 5 de agosto de 2008

FEsta da Glória - momento de saudade

São 12 h do dia 5 de agosto de 2008. Os fogos explodem e os sinos tocam anunciando o início da Festa da Glória, em Valença. Para mim, este é , sempre, um momento de muita emoção. Quando os sinos começavam, minha mãe saía ao portão rindo, feliz, emocionada, maravilhada com o espetáculo que apenas ouvia. Eu já estava no meu portão aguardando para ver a alegria dela. Era ímpar. E hoje, cada vez que os sinos tocam eu me lembro dela, me lembro de momentos que não voltarão mais, de uma alegria infantil que nos acometia e nos fazia virar crianças, rindo, comemorando o início de 10 dias de festa da padroeira da cidade.
Aí paro e constato como a idade nos assemelha. Os sentimentos vão se tornando iguais. Mamâe vivia repetindo as lembranças dela, é a recordação mais forte que tenho. Eu adorava ouvir suas histórias, mesmo já mais velha. E nunca parei para pensar que, em determinada época da vida, vivemos motivadas por essas recordações. São elas que nos impelem para a frente, que nos trazem à alma uma alegria e uma emoção incontidas. Revivê-las, sozinha ou contando para alguém, é sempre um prazer indescritível. Às vezes, sinto-me repetitiva, mas um simples cheiro, uma cançao, uma frase, me trazem à lembrança algo que ficou no passado e é impossível reviver. E eu acabo dividindo isso com alguém, como minha mãe fazia. Benditos momentos vividos com ela que me fizeram conhecer sua infância, seu amor pelo pai, morto prematuramente, pela mãe batalhadora que criou os filhos sozinha e a quem ela não cansava de elogiar e de quem lembrava-se toda hora. Como eu faço hoje. Hoje eu me vejo na "Conceição". Aliás, outras pessoas também vêem em mim a imagem da mamãe. Sempre que encontro alguém da minha infância, que não vejo há algum tempo, ouço " você está igualzinha a sua mãe, a dona Conceição." E isso me traz um sentimento tão bom por saber que ela era especial e que, mesmo eu não sendo paciente, perseverante, ponderada, boa conselheira e resignada, como ela, herdei sua alegria e o seu prazer de viver. Além dos traços fisionômicos, claro. Bem, pelo menos vou me tornar uma velhinha simpática. "E vai rolar a festa..."

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