Páginas

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Eliane SONHA!


Eliane SONHA

Estava tomando banho (o chuveiro é o meu melhor ouvinte e o melhor terapeuta que pode haver) e pensando na Eliane. Hoje ela veio fazer uma limpeza aqui em casa e toda vez que a vejo fico pensando em como posso fazer algo para mudar a sua vida. Ontem postei sobre a palestra do Mário Sérgio e escrevi sobre "ajudar o próximo e solidariedade", caminhos para aumentar nossas bênçãos. E pensei: O que posso fazer pela Eliane? Eu a conheci há muitos anos, quando meus filhos eram pequenos e ela vinha me ajudar de vez em quando. Sempre muito interessada por tudo, prestava bastante atenção ao mundo a sua volta. Era jovem, devia ter 20 anos ou pouco mais, tinha parado de estudar para ajudar a mãe, mas não tinha desistido de aprender. Os livros de inglês, fitas, disquinhos das aulas dos meninos, sempre iam parar nas mãos dela quando já na serviam mais pra eles, mesmo depois que ela saiu daqui. E ela ia aprendendo inglês, assim, sozinha! Lembro-me de, quando fui a Nova York, pegar todos os folders, jornais, revistas e propagandas que encontrei pra trazer pra ela, porque era a linguagem da atualidade, que despertaria mais a sua atenção e seria mais fácil ainda para continuar seu aprendizado. Há poucos meses, quando fui a Natal, trouxe-lhe as revistas que estavam no avião, porque tinham texto em inglês e português. E guardo para ela revistas, livros variados e tudo o que pode saciar sua sede de conhecimento. Sua casa é humilde, simples, nem sei como ela guarda tanta coisa, mas leva pra lá tudo que lhe interessa.
Porque estou contando tudo isso? Porque Eliane, hoje com mais de 40 anos, sonha. E muito! E alto! E escreve...adora escrever, inventar histórias. Já fez até um livrinho infantil com ilustrações suas, inclusive. E Eliane sonha mesmo alto: quer escrever, andar de avião, conhecer Nova York, aprender informática, estar com Bono Vox. Não sabe quem ele é? Pergunte pra ela, sabe tudo sobre ele e o U2. Ah, curte Phill Collins também! E contou-me hoje que James Blunt, cantor inglês, é de família que serve à Rainha. Como vou saber isso??? Outro detalhe: assiste aos filmes em inglês para treinar seu ouvido, coisa que eu, formada em inglês, não faço. Voltou a estudar, está no segundo grau e só tira boas notas. Em todas as disciplinas. Morre de vergonha quando o professor comenta seu trabalho, sua prova, sua nota em sala de aula. Tudo bem, muita gente volta a estudar com mais idade e se dedica, porque percebe que está ali para aprender, não para passar de ano, cumprir aquela função rápido e partir para outra, como fazemos quando adolescentes. Mas Eliane vai além, ela quer realmente aprender e entender tudo, não faz nada apenas como tarefa de escola. Ela se informa a fundo, na forma como ela pode.
Pois é, ela é mesmo uma figurinha curiosa. Muito simples, acredita nas pessoas e se estrepa, às vezes. Até na frente de juiz já foi parar porque confiou numa prima que, enquanto vivia a vida, deixou seus filhos pra Eliane criar. Prima que, um belo dia foi ao fórum dizer que ela, Eliane, não queria devolver suas crianças. Ela sofreu horrores por ter de se explicar perante autoridades e mais ainda por ter de se afastar das crianças que tanto amava, mas conseguiu sobreviver bravamente. E hoje já consegue falar sobre o assunto sem sofrer demais. Virou a página. Isso ela sabe fazer, porque escreve, e vira páginas e páginas com suas histórias. Escreve à noite, porque, durante o dia, tem de trabalhar de alguma forma para ajudar a colocar comida em casa. Depois que Dona Porcina (existiu mesmo uma Porcina, não é só na novela!), sua mãe, morreu, sua vida mudou ainda mais. Única mulher dentro de uma casa cheia de homens, já ajudava a mãe na lavagem de roupas, mas depois, a responsabilidade passou a ser dela: cuidava da casa, da comida e ainda tinha de ajudar nas compras e tentar comprar algo pra si . Pobre, negra, magra, mignon, não lhe sobrava muita coisa. Nem mesmo um grande amor teve tempo de viver. Mas ainda sonha com isso. E escreve, continua virando as páginas... e as noites... Não tem computador, está juntando um trocado pra comprar um . Na escola, disseram que os alunos iam ganhar um notebook. Ela está esperando, mas sem muita esperança. Será que um dia chega? Assim, quando quer alguma coisa digitada, pede que façam pra ela. Quando posso, digito, quando não, corrijo o que está digitado. Agora, por exemplo, vai mandar seus textos para um concurso para autores de teatro. Emprestei livros que tinham linguagem teatral, pesquisei na internet, tudo para ela passar um dos seus textos para essa linguagem, exigência do concurso. Assim, aprendeu mais uma forma de escrever. É uma empreitada difícil, porque os que concorrem às vagas já são pessoas do meio, de alguma forma. Ou vivem na cidade grande, ou tem mais condições, mais leitura. Mas ela não desiste, vai enviar seu texto mesmo assim. Um dia eles vão resultar em alguma coisa. Ou são eles que estão direcionando a vida da Eliane pra algum caminho especial? Que ela está perseguindo, sem pausa pra meditação. Já escreveu para o programa do Luciano Huck, do Gugu, pede a reforma da casa, um computador, formas de melhorar seu ambiente pra poder escrever com mais tranqüilidade. Viver com mais tranqüilidade, isso sim. Mas não tem resposta. Nada! Em casa, quase não fala, conversa mesmo é com seus cachorros. Seus irmãos não a entendem, nem seu pai, porque Eliane sonha. E sonhos não são feitos para qualquer um, devem pensar eles. Inclusive o pai. Então, ela pouco fala. Mas aqui, conversa bastante. Ri, conta suas histórias, divide seus sonhos comigo. E é por isso que estou aqui, escrevendo. Preciso de ajuda. Não de reforma da casa dela ou outra coisa. Preciso de orientação, idéia, no sentido de saber como ajudar a Eliane . Fico no pé dela para não parar de estudar, incentivo pra pensar numa faculdade. Mas.... O que posso fazer por ela? Qual o caminho? Que direção tomo? Onde procuro? Onde vou? A quem recorro? A quem mostro seus escritos? Sua linguagem é simples, suas histórias mesclam ficção com realidade, fruto de tudo que lê. Mas não devem ficar guardados dentro de velhas pastas, manuscritos, se estão doidos para tomar vida e sair por aí, como sua criadora. Muitas vezes penso se não estou ajudando a criar falsas esperanças no seu coração, quando incentivo, dou força, oriento no que posso. Ao mesmo tempo, pondero: tudo que ela aprendeu e ainda aprende, tudo que escreve, deve ter algum propósito neste mundo. Qual?
Bem, como dizia minha sábia mãe, “quem não arrisca, não petisca.” Acho que estou agindo certo e escrevo aqui na esperança de que alguém me dê uma luz, me mostre algum caminho, seja solidário comigo, ao menos.

Chove chuva, chove sem parar..




E as flores agradecem!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Viajando com os filhos...


Vivi dois momentos mágicos numa só semana. E foram momentos díspares. Viajei em dias diferentes com cada um dos filhos e, durante o trajeto, não pude me furtar a fazer comparações. Na viagem com o caçula, do Rio para casa, o papo rolava sobre mil assuntos, ao som de Lenny Kravitz, Beagles, Dido. E eu ali, orgulhosa e feliz, certa do dever cumprido ao ver o filho no seu carro, dirigindo tranqüilo, de bem com a vida e com a cabeça cheia de sonhos. Sonhos, alguns, que também me acompanharam naquela mesma idade, mas que não pude realizar. Cantarolávamos, conversávamos um pouquinho e, às vezes, o silêncio mostrava que estávamos “viajando” por mundos só nossos. Foi a nossa primeira viagem longa sozinhos. E foi muito bom: a mãe chata, que morria de medo de ver um de seus pimpolhos na estrada, estava ali feliz, confiante, sem uma apreensão sequer.
Numa viagem mais curta, de casa para Vassouras, tive a alegria de estar com o filhote mais velho. Alegre, bonachão, em perfeita sintonia com a paisagem rural que nos cercava, ouvindo , acreditem, Sérgio Reis, Tião Carreiro e Pardinho... E nós dois, entre conversas e risos, cantávamos um trechinho das músicas. Aí me pus a pensar: como podia, filhos vindos da mesma barriga, criados na mesma casa serem tão diferentes? Tão únicos e tão maravilhosos!!! Lembrei-me do comentário de uma amiga psicóloga que os conhece desde pequenos, de que eu era uma mãe feliz porque havia possibilitado aos dois serem o que gostariam de ser, sem impor padrões, e cada um procurando caminhos diametralmente opostos.
Um, futuro executivo na cidade grande; outro, futuro veterinário em terras caipiras. Felizes, de bem com a vida, lutando por seus ideais, cada um à sua maneira. Um mais ousado, outro mais lento, ambos respeitando seu ritmo interno e as oportunidades que chegam. E volto a outra comparação que me encanta, enche meu coração de uma alegria ímpar. Ao vê-los chegarem, um do trabalho, o outro do estágio, surpreendo-me sempre. Enquanto um chega do escritório na metrópole, elegante nos seus 1,95 m, muitas vezes de terno e gravata, sério, compenetrado, mas muito feliz, o outro volta do hospital veterinário com um uniforme cáqui, enorme, comportando seus 120 kg, botas plásticas, todo sujo, cheirando a pasto, animal, e com uma alegria que não cabe em si.
Um conta das grandes empresas que fizeram alguma transação no escritório; o outro mostra, no braço, até onde foi o toque na vaca... E eu fico ali, com o pensamento longe, lembrando dos meus bebês que acompanhei dia-a-dia, sempre pedindo a Deus que os orientasse na vida, que os fizesse encontrar o seu caminho...
Acho que consegui.... e eles também....


Obs: Texto escrito em 2002 . De lá pra cá, muita coisa mudou, mas eles continuam fazendo o que gostam e me enchendo de alegria. Olho para eles , orgulhosa, e digo: Fui eu que fiz!!!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"Tome posse de suas bençãos" - Palestra

Para mim, poder apreciar as cores da natureza já é uma enorme benção!!!

No sábado, 16 de maio, fui assistir a uma palestra do Psicólogo Transpessoal, Pedagogo, Escritor, Mário Sérgio F. da Rocha, na Casa Léa Pentagna, em Valença, onde acontecia a Feira de Cultura Alternativa. O tema era “Tome posse de suas bênçãos”. A palestra do Mário Sérgio é sempre interessante porque ele tem uma linguagem muito direta e simples que nos passa a mensagem naturalmente. Segundo ele, o essencial para tomarmos posse de nossas bênçãos, é praticarmos o amor ao próximo, o voluntariado, a solidariedade, coisas que andam tão esquecidas ultimamente. E que isso é certo. Nossas atitudes é que nos possibilitam conseguirmos nossas bençãos. Não é necessário praticar atos mirabolantes: se doarmos uma cesta básica para uma família por mês, já estamos aumentando nossas bênçãos. Ou, se tirarmos uma hora por semana para nos dedicarmos a algum projeto social, a visitar um hospital, ser voluntário do CVV, entre tantas possibilidades, podemos ter um retorno inesperado na nossa vida. Penso que a primeira benção é o prazer e a emoção que uma atitude desta nos traz. Sentir que você foi útil, que possibilitou melhorar a qualidade de vida de alguém, traz um sentimento muito bom. Que tal começar agora? Olhe a sua volta, pode ter alguém precisando apenas de um abraço ou de um ouvido pra desabafar suas dores. E você pode fazer isso... E ainda recebe bençãos!!!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Céu sem brigadeiro..

Não é um céu de brigadeiro, mas as cores com que o pintor "lá de cima" pincelou estes quadros são lindas!!!



sexta-feira, 15 de maio de 2009

Coral das Lavadeiras - puro prazer!

Ontem assisti a um documentário na Tv Sesc sobre o Coral das Lavadeiras de Almenara. Fiquei encantada com o trabalho, as vozes, a dedicação, a simplicidade, a alegria, a disposição daquelas mulheres. Responsáveis pelo resgate de muitas músicas de influência indígena, africana, portuguesa, já em domínio público, elas nos fazem voltar no tempo com suas vozes afinadas. O Coral é fruto de um trabalho de Carlos Faria, cantor e pesquisador cultural, que as descobriu numa lavanderia comunitária em Almenara, no Vale do Jequitinhonha, e as acompanha até hoje,18 anos depois . Por um momento fechei os olhos e voltei à infância, a um quarto onde se reuniam a família do Seu Zé Coimbra e D. Lourdes, e amigos, para cantar , tocar violão e ouvir boa música. Eu era criança e fomos vizinhos dessa família maravilhosa e musical por muitos anos, um convívio delicioso, no qual, a amizade cultivada torna nossa vida mais doce até hoje. Nas férias, as tias , mineiras de Sete lagoas/MG, vinham ver os familiares e faziam nossa vida mais colorida, interessante e musical. Moças prendadas, nos ensinavam a bordar, contavam casos e , à noite, cantavam junto com a família. Eram momentos especiais de pura energia positiva. E ontem, ouvindo as lavadeiras , essa lembrança veio muito forte. Abençoada música, que resgatou lembranças tão agradáveis . Tenho certeza que o mesmo acontece com muitos que ouvem o Coral das Lavadeiras por aí, ouvi-las é uma verdadeira viagem ao passado, a um tempo em que tudo era mais simples, porém a vivência era mais forte, marcante mesmo.
Quem quiser ouvir um pouco dessa música ou mesmo assistir a alguma apresentação delas, acesse a página do >Coral.
Vale a pena!!!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Igreja São José das Três Ilhas

Num domingo ensolarado fomos conhecer esta igreja, toda feita em pedras, tombada pelo patrimônio histório de MG. Localizada na Vila de São José a 9 km da localidade de Três Ilhas-MG (RJ-151, a 26 quilômetros da sede do Município de Rio das Flores-RJ).

Internamente, é majestosa.


Vila de São José
A chave que abre a igreja.







segunda-feira, 11 de maio de 2009

Palavras/expressões da minha infãncia...

Dia desses estávamos num restaurante e meu filho, falando sobre o excesso de pedidos que fizemos (éramos 7 pessoas), disse: Tem comida arriviria. Poderia ser à reveria, à riviria , mas a pronúncia que conheci a vida toda foi essa: arriviria, que em casa usávamos com o significado de fartura. Claro que nunca questionei nem procurei o significado dela, porque era tão presente no nosso cotidiano, que isso não era importante. Fiquei anos sem ouvir essa expressão, muito repetida por minha mãe, mas ficou no inconsciente do meu filho e ele a usou com propriedade. Na hora, rimos muito. Falei que parecia a avó dele falando. Assim que chegamos em casa, fui procurar no "pai dos inteligentes", arriviria, revelia, reveria, riviria , e não achei. Procurei na net e também não encontrei nada com esse significado. Quando for ao Liceu, consultarei meus mestres sobre isso, certamente eles saberão a origem dela. E, conversando com meu irmão Chico, lembramos de mais algumas frases que ouvíamos quando pequenos:

1-Sai daqui, estrupício.
Usávamos com o significado de alguém incompetente, ignorante ou algo assim.

2-Cuidado, isso aí tá pelando!
SE a panela/comida estava quente, essa era a frase típica pra evitar que nos queimássemos.
Pode ser que tenha vindo do ato de tirar a pele de algum animal, com água quente. Essa é a dedução mais provável, eu penso.

3-Ah, comadre, ando tão desacorçoada... .
Sempre que alguém queria dizer que estava desanimada, descontente com a situação, usava essa expressão.

Vou pesquisar e ainda volto com esse assunto e com mais expressões da minha infância.

domingo, 10 de maio de 2009

Turismo em Valença - Vista do Cruzeiro


A entrada para o Cruzeiro fica no centro e a vista da cidade, lá de cima, é linda. Vale a pena conhecer.

Dia das Mães de algum ano antes de 1999


Felicidade? É isso:

Acordávamos cedo. Filhos ainda dormiam e as visitas também (de vez em quando um dos irmãos dormia aqui com a família), mas nós tínhamos de agilizar tudo, pois os meninos (meus irmãos e suas famílias)não demorariam a chegar para comemorar o Dia das Mães com a mamãe, que morava bem aqui ao lado (eu tive o privilégio de tê-la morando pertinho de mim nos últimos anos de sua vida). A geladeira já estava cuidando das sobremesas, feitas na véspera. Neuza e Libinha ajudavam aqui e depois todas íamos ajudar a mamãe nos preparativos do almoço, que era sempre uma festa, enquanto os meninos.... (os adultos seriam sempre "os meninos") Sabe onde estavam? No barzinho da esquina papeando ou tomando cerveja, claro!!! Só vinham quando dizíamos que a comida estava pronta. E a comida? Lembra? Comida de mãe: arroz, feijão , frango cozido e depois colocado no forno, carne assada (hummmm...) alguma salada diferente , e o inimitável macarrão, delicioso, saudoso, desejado macarrão, feito com a borra da carne assada e massa de tomate, e que só ela conseguia deixar com aquele sabor. Ela, a D. Conceição, que corria pra lá e pra cá, sem saber se beijava os netos, se recebia os vizinhos, se ria com as filhas e noras, se abraçava os filhos, se mexia as panelas. E sempre rindo. De vez em quando ia ao espelho do banheiro e ajeitava o cabelo, porque sempre podia aparecer algum engraçadinho com a filmadora. (Ah, meu filho, não me filma não...) Abençoada filmadora, que agora traz seu sorriso de volta nos vários filmes que consegui recuperar. A falação era tanta... as conversas cruzadas, a televisão com som alto, os netos adolescentes gargalhando no quartinho (contando alguma peripécia, com certeza!), os pequenos correndo pra lá e pra cá, mas ninguém se importava. Aquele era o som da felicidade, da alegria, da vida que a gente conhecia e aproveitava tanto. Porque ela tinha o dom de nos proporcionar uma alegria tão intensa... Sua casa era o ninho, o coração, o abrigo, o aconchego, o lar mais desejado e festejado que podia haver. Luxo não tinha, a casa era pequena para abrigar tanta gente, mas o amor transbordava em cada canto!!! E nós sorvíamos tudo isso com avidez, mas sem imaginar que um dia acabaria. Muitas vezes, depois de toda essa festa, ela ficava de cama. Porque a sua perna inchada novamente dava trabalho. Mesmo no meio dos preparativos, ela já estava sentindo dores, mas não falava. Agüentava bravamente até o fim do dia. E desabava, depois que todos tivessem voltado para suas casas com a sensação de terem vivido um dos momentos mais felizes de sua vida. E talvez, no seu delírio de febre, imaginasse que aquele era o seu paraíso. Porque a vida para ela era isso: distribuir amor incondicionalmente, e boa comida...
Que saudade, mamãe. Se você, hoje, estivesse aqui, minha casa não teria o silêncio que tem agora. Eu não estaria me aprontando para almoçar em um restaurante qualquer e nem estaria aqui, com as lágrimas correndo, cheia de saudade daqueles dias tão felizes com a família toda reunida.
PS.: Meus filhos sabem, lendo aqui, que não estou triste , pelo contrário, como mãe, estou realizada e feliz. Um deles está aqui e o outro já ligou cedinho. Estou apenas saudosa, como filha e como nora, porque nunca mais terei dias como aqueles. Terei dias tão maravilhiosos quanto, mas não iguais, pq seremos todos diferentes. Só a lembrança e o amor que sentimos será igual. O tempo não volta, infelizmente. Mas essa saudade não me impede de curtir nossos momentos maravilhosos.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Blog REcomentários - uma boa leitura.

O meu post .Angústia Contemporânea : Não estou sozinha"" foi citado e comentado no blog REcomentários, do Armando Maynard. Esse tema pode desdobrar-se em muitas discussões e ele fez vários comentários pertinentes. Gostei muito. Vale dar uma olhada lá e conhecer o blog.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Nem tudo está perdido: Aprendendo a meditar.

Complementando meu post anterior sobre esse nosso tempo sem tempo, reproduzo aqui partes de um artigo do site Brahma Kumaris, no qual a autora , apresenta o passo a passo da meditação para recuperarmos o equilíbrio tão necessário :

"Pessoas extremamente ocupadas aprendem a meditar.
por BK Sister Jayanti

Mais pessoas estão vivendo, mas menos estão escolhendo viver na passagem rápida. A necessidade de recuperar o equilíbrio, encontrar paz interior e recarregar o poder espiritual pode ser satisfeita por algumas formas de meditação diária. Sister Jayanti, uma pessoa extremamente ocupada, da sua maneira, apresenta o passo a passo da meditação e as formas através das quais a meditação pode ajudar a remover o estresse dos negócios.
(...)
O fato de meu próprio ser interno ser de paz também significa que tenho poder interior. Sou capaz de encontrar minha própria força interior. Nós usamos bastante essa expressão 'empoderamento', e o poder não pode vir, para mim, de ninguém mais de fora, mas o empoderamento que vem de dentro, significa que é uma força que permanece comigo para sempre. Para onde quer que eu vá, o que quer que eu faça, esse poder é o que eu carrego dentro de meu próprio ser.

Vamos experimentar alguns minutos nos quais usaremos esse conceito, para que vocês possam, verdadeiramente, ver por si próprios como ele trabalha.

Sente-se tranqüilamente, simplesmente deixando o corpo relaxado, de preferência com ambos os pés no chão e suas mãos cruzadas tranqüilamente. Deixe que sua respiração torne-se natural e lenta. Você pode manter seus olhos abertos. (Na verdade, é preferível fazer isso, para que essa consciência torne-se um estado de consciência natural para você.)

Eu me concentro no interior e observo o que está acontecendo em meu mundo interior. Eu vejo muitos pensamentos tremeluzindo na tela da minha mente e, conscientemente, posso escolher quais pensamentos terei.

Escolho o pensamento da paz.

Visualizo um ponto de luz e, nessa consciência de paz, sei que isso é o que eu sou.

Eu sou um ser de luz.

Eu sou um ser de paz.

Meus pensamentos desaceleram e saboreio a beleza da paz interior, conforme meu mundo interior é preenchido de paz.

Eu também sou preenchido com luz.

Eu posso sentir as nuvens da confusão recuando e, conforme essa luz torna-se brilhante, posso sentir meu próprio poder interior crescendo.

Meu próprio ser é luz, é poder, é paz.

Tendo me esquecido de mim mesmo, esqueci-me dessas minhas qualidades originais e naturais e, agora que sei quem sou, todas essas qualidades, naturalmente, pertencem a mim novamente e, nessa consciência, eu irradio luz, paz e poder. E, agora, deixo que meus pensamentos retornem para a percepção do corpo físico que ocupo e as situações na vida em que me encontro hoje, mas, agora, retorno com uma visão transformada, com uma atitude que é muito diferente.
Voltando para casa com essa consciência de eu, a alma, o mestre desse instrumento físico, esse meu precioso corpo, sei agora o que tenho de transmitir através de meus olhos, através de meus lábios, através de minhas ações, sei a direção na qual tenho de me mover. Minha visão dos outros também foi transformada. Eu não os coloco mais em caixas. Sou capaz de vê-los como seres exteriores, como almas. Ainda continuo com essas coisas que preciso fazer, mas, agora, tendo criado aquele mundo eterno e original, também, há clareza na maneira como penso; há entendimento e empatia na forma como me comporto com outros; há poder em minhas ações, de forma que minhas ações levam a conclusões corretas; e resultados positivos surgem em minha vida e, também, na vida dos outros ao meu redor.

Eu comparo isso com o estado em que estava antes, um estado de caos e confusão interior, e tão pouca reflexão sobre a existência de caos e confusão no mundo ao meu redor. Gerenciar a mim mesmo significa saber que sou o criador do meu próprio mundo interior. Sou capaz de ser o criador do mundo ao meu redor. Gerenciar a mim mesmo significa encontrar minha própria dignidade, encontrar meu próprio estado de auto-respeito, de modo que sou capaz de permanecer, independentemente, sobre meus próprios pés. Nós nos cercamos com tantos suportes diferentes e somos incapazes de nos orientar sem esses suportes. Mas agora que sei quem sou, carrego meu próprio estado de auto-estima e, é claro, quando valorizo a mim mesma, valorizo os outros ao meu redor. Em um estado de auto-respeito, aquele respeito se estende para outros. Gerenciar a mim mesma significa que sou capaz de me mover com estabilidade, em que trago paz para o mundo de caos ao meu redor. A paz que tenho significa que posso começar a criar um pequeno oásis de paz ao meu redor. A luz que eu tenho significa que a ilusão e escuridão não mais me tocam. O poder que eu tenho significa que posso, verdadeiramente, estar livre.

Om Shanti. Om significa “eu sou”, shanti significa “paz”. Posso retornar a essa consciência a qualquer momento e, novamente, ser um mestre de mim mesmo.

Sister Jayanti é a coordenadora da Brahma Kumaris em Londres. Esse artigo, originalmente publicado pela BK Publications (www.bkpublications.com) na Retreat Magazine #10, é um extrato de sua apresentação de abertura numa série de apresentações em áudio entitulada Meditação para Pessoas Extremamente Ocupadas. "

terça-feira, 5 de maio de 2009

"Angústia contemporânea" - Não estou sozinha...

Há tempos venho me questionando sobre esse sentimento de culpa quando me dou o direito de ficar à toa, escrever, ler, resolver desafios de sudoku, sentar e apreciar meu quintal... Penso que tenho tanta coisa pra fazer que esse tempo de "ócio" não é possível. Mesmo quando entro aqui e fico lendo artigos interessantes, me cobro por não estar trabalhando no meu ateliê. Muitas vezes, coloco o link no favoritos e decido ler numa outra hora, mas fico com a sensação de que estou perdendo alguma coisa. O jornal de domingo rola durante a semana, até que eu encontre um tempo pra ler as partes que me interessam, antes que o do próximo domingo venha se juntar a ele. Vivo numa briga cruel entre querer fazer tudo ao mesmo tempo e sentir que não é possível fazê-lo. E isso gera insatisfação, angústia...
Questionei-me , por diversas vezes, se isso é algo inerente a mim, ávida por informações e por querer dar conta de tudo ao meu redor, ou se é um "mal do século". Mas encontrei outras pessoas com a mesma sensação e, no domingo retrasado, 26 de abril, a Revista O Globo, que acompanha o jornal, trouxe uma reportagem que me chamou atenção:Tempo, tempo, tempo. Como era muito grande, mais de 3 páginas, fiquei andando com ela pra lá e pra cá nesses dias todos. Hoje resolvi ler na íntegra. O artigo trata exatamente dessa falta de tempo, dessa correria alucinada , da quantidade de informações que surgem a cada segundo e da qual não damos conta e que resulta numa "angústia contemporânea" (eu chamo de "angústia coletiva").
SEgundo a autora, Karla Moreira, baseada no pensamento de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a "solução estaria na capacidade de parar para refletir." Pois nós só assimilamos as informações, não damos conta e não refletimos mais sobre nada. Ela traça um paralelo entre conhecimento explícito ("informação pura e simples") e conhecimento tácito ("aquele que só o indivíduo pode fazer"), numa comparação interessante com uma receita de bolo: "não dá para apenas saber a receita do bolo. É preciso desenvolver a habilidade de fazer o bolo ficar gostoso." Karla cita Marcos Cavalcanti, matemático e pesquisador da COPPE/UFRJ:
"- Não adianta só ter informação. Um computador manipula melhor do que qualquer ser humano o conhecimento explícito. O que o computador não sabe é se está faltando uma pitada de sal para reaçar o doce do bolo. E esse tipo de conhecimento só é gerado com reflexão, concentração, investimento pessoal. " E ele continua: "- Aí entra a questão do tempo. Em vez de correr para não perder nada, o ideal nesse momento é consumir pouca informação e parar para pensar. As pessoas que desenvolverem a capacidade de gerar conhecimento tácito estarão bem no futuro, valorizadas, insubstituíveis. A sociedade da informação está migrando para a sociedade do conhecimento. Isso é um fato. O frenesi de informações causa angústia, insatisfação, ansiedade e nenhum conteúdo. O que está faltando na vida das pessoas é espaço, é se dar um tempo."

O artigo todo é muito bom, deve ser lido na íntegra. E é um bom assunto para discussões infindáveis, porque é necessário repensar tudo, ou estaremos fadados a nos consumir dia após dia por essa angústia de querer tudo ao mesmo tempo agora.É o preço da "Modernidade líquida", como denomina Bauman?

REgistro aqui a entrevista de Bauman, com a qual ela fecha o artigo:

"Zigmunt Bauman: 'Estamos constantemente correndo atrás. O que ninguém sabe é correndo atrás de quê'
Publicada em 26/04/2009 às 11h21mKarla Monteiro no O Globo
RIO - Professor emérito das universidades de Leeds e de Varsóvia, 83 anos, autor de best-sellers como "O mal-estar da pós-modernidade", "Modernidade líquida" e "Amor líquido", o sociólogo polonês Zigmunt Bauman é um ferrenho analista das consequências sociais do que conhecemos como progresso. Nesta entrevista por email, ele discorreu sobre a correria do nosso tempo com o seu jeito claro, objetivo e muito particular.
O GLOBO: O que mudou na nossa percepção do tempo com o avanço das tecnologias de comunicação? Por que andamos com tanta pressa?
ZIGMUNT BAUMAN: Na sociedade contemporânea, somos treinados desde a infância a viver com pressa. O mundo, como somos induzidos a acreditar, tornou-se um contêiner sem fundo de coisas a serem consumidas e aproveitadas. A arte de viver consiste em esticar o tempo além do limite para encaixar a maior quantidade possível de sensações excitantes no nosso dia-a-dia. Essas sensações vêm e vão. E desaparecem tão rapidamente quanto emergem, seguidas sempre de novas sensações a se perseguir. A pressa - e o vazio - é fruto disso, das oportunidades que não podemos perder. Elas são infinitas se acreditamos nelas.
O GLOBO: Como chegamos a esse ponto de estresse e, talvez, cegueira?
ZIGMUNT BAUMAN: Cegueira? Depende de como você olha para o comportamento atual. Muitas pessoas, especialmente os jovens que nunca viram outras formas de viver, diriam que eles mantêm os olhos e os ouvidos muito abertos, e estão muito mais alertas e vigilantes do que os mais velhos, que viveram épocas menos frenéticas. Eles diriam mais: que estando tão alertas, e rapidamente pegando no ar as possibilidades, eles são os sábios, os que sabem viver a sua época. Esse ritmo é o ritmo do tempo que habitam, um tempo que abortou o que eu chamaria de tempo livre, o tempo não preenchido com o consumo de imagens, sons, gostos e sensações táteis. Somos dependentes dos estímulos externos: as mensagens que chegam no celular, o iPod, as conversas pela internet. A alternativa para o tempo não preenchido com esses estímulos não é mais vista como tempo de reflexão, de auto-questionamento, de conversa consigo mesmo, mas de tédio. Nós somos seres que se escoram no que vem de fora. Perdemos a capacidade de nos auto-estimular. Estar sozinho - a liberdade de gastar o tempo com nossos próprios pensamentos, perseguida e sonhada por nossos ancestrais - é identificado hoje com solidão, com abandono, com a sensação de não pertencer. No MySpace, no Facebook ou no Twitter, o ser humano enfim conseguiu abolir a solidão, o olho no olho consigo mesmo.
O GLOBO: O que o senhor apontaria como o epicentro da aceleração que tornou o mundo tão rápido e tão raso ao mesmo tempo?
ZIGMUNT BAUMAN: A sociedade pegou a estrada de uma vida orientada somente pelo consumo. O ser humano autossuficiente e satisfeito nas suas necessidades materiais ou espirituais perdeu o jogo para o mercado. Qualquer caminho que satisfaça os desejos e que não esteja ligado a compras e lucros é amaldiçoado. Vivemos o tempo do conecta e desconecta.
O GLOBO: Quando visitamos lugares como o Tibete temos a impressão de que eles vivem outro tempo, que têm um relógio diferente do nosso. Quem está mais próximo do tempo real, os tibetanos ou os nova-iorquinos, por exemplo?
ZIGMUNT BAUMAN:O tempo jorra em todos os lugares. E nós envelhecemos no Tibete ou em Nova York. Mas a experiência da passagem do tempo nós organizamos de maneira diferente, dependendo da sociedade em que estamos inseridos. Na maior parte da história da Humanidade, tínhamos basicamente duas formas de organização: o tempo cíclico, que se repete dia após dia, ano após ano, vivido pelas sociedades agrárias, como o Tibete. E o tempo linear, que marcha, move em direção ao futuro, dominante nas sociedades industriais e que expressa essa ideia de modernidade, progresso. O que estamos percebendo em Nova York - ou no Rio - é uma terceira e relativamente nova organização do tempo, que ganha terreno no que eu chamo de modernidade líquida: uma forma de vivenciar a passagem do tempo que não é nem cíclica e nem linear, um tempo sem seta, sem direção, dissipado numa infinidade de momentos, cada um deles episódico, fechado e curto, apenas frouxamente conectado com o momento anterior ou o seguinte, numa sucessão caótica. As oportunidades são imprevisíveis e incontroláveis. Então a vigilância sem trégua parece imprescindível. Esse tempo da modernidade líquida gera ansiedade e a sensação de ter perdido algo. Não importa o quanto tentamos, nunca estaremos em dia com o que aparentemente nos é oferecido. Vivemos um tempo em que estamos constantemente correndo atrás. O que ninguém sabe é correndo atrás de quê. "
Pois é, não estou sozinha...
Uma correção: No artigo o nome do grande pensador está com i - Zigmunt, mas no livro dele, que eu tenho - O Mal-estar da pós-modernidade, da Zahar, consta y-Zygmunt. Eis um assunto interessante para estudiosos da Crítica TExtual.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Antes de partir...

Quando assisti ao filme, fiquei pensando na lista de coisas/experiências que gostaria de viver/fazer antes de partir. Pensei em tantas coisas.... Comecei uma lista, mudei, fiz outra, mudei... Já havia feito uma lista para 101 coisas em 1001 dias. Li, reli e nada resumia o que eu queria. Então, numa comunidade do orkut a qual pertencia, foi criado um post sobre isso. Voltei ao que havia escrito, li outra vez, reli, e não estava satisfeita. No mesmo período, havia postado um artigo sobre a arte de dizer não, que coloquei aqui. Aí, refleti bem e achei que meus anseios/desejos/necessidades resumiam-se a pouca(???) coisa.
Registrei lá:

"Há algum tempo, a única coisa que eu queria, antes de partir, era ter certeza de que meus filhos estavam crescidos o suficiente para viverem sem mim. Não por ser possessiva, como sou, reconheço, mas por receio de que fossem criados por outra pessoa que não passasse a eles o que eu achava que deveriam saber para viverem como seres humanos respeitosos e respeitáveis. Eles cresceram como eu desejei que crescessem e agora já sabem (ou pelo menos tentam aprender a) se virar na dança da vida.

Então hoje, o que quero antes de partir é, apenas (!!!):

Ter netos.
Enxergar até o fim
Aprender a dizer não
E ter coragem de dizer sim."

domingo, 3 de maio de 2009

E a vida era mais doce!

Enquanto escrevia a receita do cuscuz no post anterior, estava me lembrando de bons momentos vividos ao redor da mesa, aqui em casa. E de como sou lembrada, por amigos nossos e dos meninos, pelos doces, lanches, festinhas, que adoro fazer. Ontem mesmo, uma amiga querida, Rosane, que não vejo há tempos, disse que vai aparecer aqui, mas perguntou se faço profiteroles pra ela. Lembrei de como esses profiteroles faziam sucesso. Eram muito gostosos mesmo. Uma vez, uma amiga , Concetta, fez um chá na casa dela e me ensinou uma outra calda para o profiteroles, deliciosa. Bem, é na Europa que ele nasceu, então, ela, nascida naquele continente também, tinha a manha para tornar essas receitas ainda mais deliciosas. E cada vez que fiz, recebi elogios pela delícia de sobremesa. Aliás, há tempos não faço.
Recordei-me também que um dia, caminhando na praia, encontrei uma amiga daqui e suas meninas. Conversamos sobre diversos assuntos e, invariavelmente, a conversa foi pra cozinha. Eu dizia que não tinha faxineira em Nit e elas, brincando, disseram que iriam lá em casa e fariam a limpeza pra mim, contanto que eu fizesse um lanche como antigamente. Rimos muito, mas o lanche ainda não saiu, nem a faxina. Preciso remediar isso...
Aqui em casa sempre havia algo interessante, principalmente nas férias, como festivais de pizza, tardes de lanche entre jogos de Mau mau, Imagem e ação, Academia, Jogo do poder, entre tantos. Era uma farra só!!! A casa vivia cheia de garotada e eu curtia isso demais. Qualquer um dos amigos de infância dos meninos, que frequentavam nossa casa, sempre se lembram com saudade desses momentos.
E o cachorro quente, que faço com frequência , ainda, com linguiça pura, feita na nossa cidade mesmo? O Leo, queridíssimo, por exemplo, come o molho puro, no prato, depois de comer no pão. Todos gostam muito. E o mais interessante: descobri, através da minha nora, que em SP o cachorro quente é feito com salsicha e muitos comem com purê de batata. Nem ela, nem sua família, conheciam o cachorro quente feito com linguiça. E apreciaram bastante, ainda bem.
Lembrei agora, também, do bolo mesclado coberto com marshmallow e recheado com suspiro assado, coco, pêssego, creme (receita adaptada da Suelita) que era figura principal nos aniversários. A garotada adorava e vibrava quando eu dizia que ainda tinha marshmallow na geladeira.
Bem, os suspiros eram outra delícia. Eu ganhava claras de uma amiga que vendia quindins. Eles me auxiliaram bastante quando o Rafa teve hepatite. Diziam que suspiro era bom, então eu fazia sem parar. O Leo (de novo o meu filhão emprestado), vendo Rafa saborear os suspiros durante esse período, brincou que queria pegar hepatite só para que eu fizesse suspiros pra ele. Pois é, pegou. E a dele foi brava, ele custou a ficar bonzinho. Mas comeu muito suspiro...rs
Dias atrás, conversando com a Ângela, minha parceira de boa mesa daqueles tempos, lembramos de como era bom quando as crianças eram pequenas e fazíamos e comíamos tantas coisas gostosas, sem sentimento de culpa algum. Numa cidade pequena, sem atrativos, nossa diversão era nos reunirmos em volta de uma boa mesa, ou até mesmo na cozinha, e fazermos coisas gostosas, enquanto os filhos brincavam. Era mesmo muito bom. Não pensávamos que isso ou aquilo faria mal à saúde, que podíamos engordar, que tínhamos de fazer dieta, porque a moda exigia. Qual o quê!!! Queríamos era curtir aqueles preciosos momentos juntos, vendo a alegria dos filhos brincando dentro de casa, felizes.
Aí vejo como me assemelho à mamâe também nisso. Na casa dela nunca faltava aquele cafezinho com um bolinho, broa, bolinho de chuva. Todos que a conheciam gostavam de dar uma passadinha na casa dela, ouvir bons conselhos, tomar um cafezinho gostoso e sair com a alma mais leve. TErapia do café!!! Quem sabe eu não serei lembrada, quando me for, pela terapia dos lanches??? Pode ser!!! Lembrada pelo amor e alegria com que recebo todos aqui em casa, isso eu sei que serei.

sábado, 2 de maio de 2009

Trajetória virtual

O mundo virtual me fascina! Desde que descobri do que esta caixinha é capaz, que não consegui dela me afastar mais. Fui me apaixonando devagar, descobrindo tudo aos pouquinhos, pois não sabia nem mexer na máquina e ela me assustava terrivelmente. Ficava vendo os meus meninos digitando, mexendo daqui e dali, e me aventurava quando o computador ficava desocupado. Eu os irritava perguntando, sem parar, como era isso e aquilo, que botão podia apertar, como poderia fazer determinada coisa etc...
Entrei no mundinho virtual começando pelos emails que o Rafa criou pra mim, mas tinha poucos contatos até que conheci o ICQ. Ahhhhhhhhhh... aquilo , pra mim, era o máximo!!! Poder “conversar” com pessoas conhecidas ou estranhas sem sair de casa, apenas digitando (opssssssssssssssss....catando milho, porque não terminei meu curso de datilografia, ficava namorando meu marido durante as aulas) era demais para minha cabeça. Fui fazendo amizades e adicionava todo mundo, sem critérios. Quando percebia que o que o outro queria não era bem uma conversa amigável, tratava de desconversar e bloquear rapidinho. Uma vez um menino da idade dos meus, acho, me adicionou porque queria saber sobre minha cidade, onde viria em breve e ele tornou-se, durante muito tempo, um “filho virtual”, pois me ajudava nas ciberdúvidas que surgiam, enquanto papeávamos ao mesmo tempo em que falávamos sobre tudo. E até descobrimos amigos reais em comum. Nem acreditei!!!!!!!! Daí, passei a freqüentar as salas de bate-papo. Nossaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.... era bom demais!!! Comecei por uma sala de bate-papo sobre futebol, no Bol, (nem lembro como fui parar lá, porque nem ligo para futebol), onde encontrei uma turma maravilhosa, de vários cantos do país. Pessoas variadas que me fascinavam, pois me possibilitavam trocar idéias sobre todo tipo de assunto e eu podia expandir meu conhecimento e mostrar, pra mim mesma, que eu, mulher do interior, tinha condições de manter um papo com pessoas de um bom nível cultural. Lá também tratei de arranjar uma “filhota virtual”, a Cla, menina maravilhosa que conheci pessoalmente e com quem ainda mantenho contato. Nós nos divertíamos muito e a sala, no horário que entrávamos, sempre de madrugada, era uma festa. Aí, acabaram com a sala de futebol e o grupo foi se dispersando. Acabei indo parar num bate-papo por idade, no UOL. Virava as noites conversando e, muitas vezes, subia na ponta do pé para não acordar o marido. Lá também fiz ótimas amizades, diverti-me muiiito. Nós parecíamos crianças, algumas vezes. Criávamos nicks extravagantes , mas mantínhamos os nossos nicks nornais, e nos divertíamos falando abobrinhas, contando piadas, rindo sempre. Duas queridíssimas, de um humor incrível, me proporcionaram momentos de gargalhadas que eram difíceis de segurar. Havia também dois amigos que protagonizavam momentos hilários nas salas. Muitas vezes tentávamos tapear um ou outro, entrando no reservado e digitando muita besteira, mas o nosso modo de escrever e o humor danado nos entregava. Algumas amigas conheci pessoalmente e , pelo menos uma vez por ano, saímos para papear. Muitas outras amizades perderam-se no mundinho virtual, infelizmente. Se ficamos um tempo sem entrar, tudo já e diferente. O tempo virtual é mais acelerado ainda que o mundo real e pode-se perder contato rapidinho. Assim, larguei as salas e descobri o Orkut, logo no comecinho dele. Outra maravilha!!! Fiz parte de comunidades incríveis, tínhamos discussões espetaculares sobre todo tipo de assunto. Fiz mais um número grande de amigos com muitas idéias em comum. Porém, quando as comunidades começaram a trocar assuntos legais por brincadeiras que não me acrescentavam nada, comecei a me desiludir com elas. São raras as comunidades nas quais ainda se tem prazer em participar. Hoje, entro para ver recados de amigos queridos, deixar um alô rápido e mais nada. Uma pena. Ainda aprecio muito, justamente pela possibilidade que o Orkut nos dá de reencontrarmos pessoas que fizeram parte da nossa vida em algum tempo e de quem nos distanciamos por motivos diversos. Isso não tem preço. Quando encontro alguém assim, é uma alegria ímpar para mim. Mas aquela expectativa do começo, já não existe mais.
E hoje, eis-me aqui, blogando, achando tudo muito natural, com poucas dúvidas, e feliz da vida por estar completamente mergulhada neste mundinho cibernético. Bem.... tenho o Msn, Skype, estou também no Facebook, no Myspace e em outros mais antigos, e já andaram me deixando curiosa com o twiter...Mas, acho que cheguei ao meu limite. Nada de novidades mais....
Por enquanto....

VR 1 - De tudo, fica o carinho!

Não chegou a dois anos, mas foram alguns dos nossos dias mais bem vividos o período em que moramos em Volta Redonda. Sempre que me lembro de lá, é com um misto de alegria e saudade. Foi um período intenso, de muita amizade, muita alegria, festas, passeios, boas comidas e até enchente. Tudo era diversão, éramos casais jovens, com filhos pequenos e cheios de desejo de fazer dos nossos casamentos algo muito bom para toda a vida. As amizades ficaram para sempre, ao menos na nossa lembrança. Com algumas amigas queridas, o contato permanece, com outros, temos notícias esporádicas, mas a amizade iniciada ali está viva na lembrança. De vez em quando rio sozinha lembrando alguma coisa. Uma vez estávamos prontos para ir a Penedo, se não me engano. Rosane estava amamentando sua caçulinha, Nanda, na varanda , vestida com uma blusa de lã azul e, quando me viu, entregou a tesoura pedindo que eu cortasse um fio puxado da blusa, que estava aparecendo. Falei que não podia fazer isso porque ia estragar a roupa. Então ela pediu ao meu marido pra fazer. Na mesma hora, com a maior boa vontade de sempre, ele cortou o fio...e a blusa virou um buraco só, desmanchou a frente todinha. Nem me lembro se ri primeiro ou se dei bronca nele antes, mas sei que deste momento não me esqueci. Lembro da cara dele, desconcertado, e dela, com o sutiã aparecendo e rindo da situação com a bebê no colo. Coitado, como podia imaginar que um pedacinho de fio, pequeno, fosse fazer um estrago daqueles??? Neste momento, escrevendo aqui, dentro das minhas lembranças de antigamente, me penitencio: dou bronca demais no meu amor. Não sei como ele consegue me agüentar. Claro que, depois de 36 anos juntos, os pequenos defeitos já viraram uma montanha assustadora, tanto os meus quanto os dele, mas preciso me penitenciar e tentar ser menos rabugenta com esse homem que nem falta adivinhar o que quero ou preciso. Ele já sabe antes de mim. E me cobre de atenção e cuidados. Nessa lembrança deliciosa, de repente, veio essa imagem de mulher chata, que reclama, que não dá espaço pra ele fazer as coisas e errar, o que é normal. Eu brigo antes, durante e depois. Credooooooooooooo..... Não pode ser normal! Hummmm...preciso mudar, urgentemente! Essa imagem me pesou....

Visita linda! - Meu cotidiano 24/365


sexta-feira, 1 de maio de 2009

Flor da "cabeludinha" Meu cotidiano 23/365

Não é toda casa que tem uma "cabeludinha", a "Plinia glomerata" não é uma fruta muito comum por aqui. Ela está coberta de flores e , em breve, as frutinhas virão adoçar a nossa vida.