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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Na cova da D. Iria (título sugerido pela minha querida Rosane)

A gente pode crescer, tomar outros rumos na vida, mas muito do que vivemos na infância fica marcado, que coisa boa. Hoje peguei-me cantando Treze de Maio, a música de N. Sra. de Fátima, que eu não ouvia há muito tempo. Veio um pedacinho, depois outro, e, de repente, cantei a música inteira. E morri de saudade. Saudade dos terços que eram rezados nas casas quando acontecia a visita de N. Sra.
Saud...ade da parte da música que citava a cova da Iria. porque mamãe tinha uma comadre que se chamava Iria, e qdo chegávamos a essa parte da música, eu sempre pensava nela. Pra mim, menininha, a cova da Iria era mesmo da D. Iria, nossa vizinha. Saudade até do olhar do papai que nos vigiava o tempo todo pra ver se estávamos rezando também. Quando N. SRa. nos visitava, mamãe armava um altar numa das salas e a imagem era venerada por nós. E todos os dias dessa visita rezávamos o terço à noite. Pequenos, era um misto de respeito e sofrimento, porque demorava muito e não podíamos sair pra brincar no jardim da Igreja de Sant'Ánna. Mas tinha uma certa magia, como se a visita ilustre e abençoada nos livrasse de todo o mal. E penso que livrava mesmo, porque as lembranças que guardo desse tempo são todas muito queridas. Não havia o mal, como vemos hoje. Nem tanta violência, tanto sofrimento. Havia pobreza, falta de muita coisa, mas nada que tirasse a nossa alegria, a nossa vontade de viver. Salve N. Sra. de Fatima, obrigada por me trazer de volta tantos momentos bons, por me ensinar a cantar sua música de novo. Ave Ave, Ave Maria...

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