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domingo, 1 de agosto de 2010

A sacola plástica e o ovo. E os ovos???

Sempre que faço compras na quitanda ao lado da minha casa, eu levo tudo nas mãos, sem sacola plástica. No açougue, só uso o saquinho da carne, recuso a sacola também. Eles já sabem que estou fazendo a minha parte . E as sacolas, que somos obrigados a trazer quando as compras são em outros lugares, eu dôo para eles. Dia desses, eu o o dono da quitanda ficamos conversando sobre isso: como vai ser pra carregar as compras? Há várias soluções, mas meu papo hoje aqui é outro. Começamos a lembrar como eram as compras antigamente. Não fazíamos compras de mês como hoje se faz e nem havia tantos enlatados. Aliás, eu me lembro das latas de óleo (que púnhamos alça e servia de bule), de banha, de goiabada e de extrato de tomate. Isso porque leite condensado e creme de leite nem entravam na nossa casa. Eram produtos caros demais. Aliás, eram meu sonho de consumo. Uma vez, no armazem do seu Sílvio (eu já estava casada) houve uma promoção( acho que o armazem ia fechar)  e o preço do leite condensado estava lá embaixo. Nossa, não fazem idéia da minha alegria, da satisfação no meu rosto, quando comprei algumas latas de leite condensado. Realizei parte dos meus desejos com aquela compra! Mas voltemos à sacola plástica.  Eu e o dono da quitanda continuamos com nossas recordações: as compras eram embrulhadas num papel grosso e amarradas com barbante (lembro-me direitinho de ver o Zé da venda fazendo isso)). Quando a família era muito grande e, no caso da minha casa, que tembém  era uma pensão, o arroz, o feijão e a batata eram comprados em sacos de 20 kg ou mais.Conversa vai, risadas vêm,  aí pensamos: e os ovos? Como eram embrulhados? Muitas vezes embalados em jornal, e ele se lembrou também das cestinhas de arame (como a da foto) ou de bambu que levávamos pra trazer os ovos. De repente me dei conta: raramente comprávamos ovos, tínhamos galinheiro em casa. E chiqueiro de porco também. Algumas verduras na horta,  pés de frutas, o básico para nossa alimentação estava ali. Que maravilha era aquela vida!!! Sem sacolas plásticas, sem agrotóxicos, sem comida enlatada... Hummm...Mas eu me recordo de quando vi uma lata de feijoada pela primeira vez: fiquei embasbacada. Nem sei como ela foi parar lá em casa. Ah...acho que foi o Chico que trouxe . O sabor era maravilhoso, claro. Hoje eu não teria coragem de comer, mas naquela época foi uma novidade. E tudo tinha sabor especial porque era inacessível para nós, mas o que a gente gostava mesmo era do arroz com feijão, uma carne e batata frita. Ah...e pastel ! Mamãe fazia massa de pastel em casa, numa bacia grande de alumínio. Nós tínhamos o cilindro pra abrir a massa e era muito gostoso fazer isso, ir passando a massa várias vezes até ela ficar fininha, depois rechear, cortar, fritar e ...comerrrrrrrrrrrrrr!!! Claro, tudo isso sem citar o dia em que o meu outro irmão danado, moeu a beirada da minha mão nas roscas do cilindro...Fiquei com a marca na mão durante anos e com vontade de esganar o danado durante um bom tempo... 1 dia ou 2 dias... Porque havia tantas outras coisas boas acontecendo, que a gente se esquecia esses detalhes rapidinho. E hoje, eles são lembrados com uma saudade tão grande, que é doloroso até escrever. Nossa vida era difícil, mas nosso universo era tão imenso, que as experiências que tivemos quando crianças norteiam nossos passos até hoje e as lembranças nos fazem ainda mais felizes. Mas...E a sacola plástica, hem??? Como vamos nos adaptar sem elas (idéias aqui)??? Ah... eu já estou fazendo as ecobags para vender, claro. Espero que elas solucionem parte do problema .E o Planeta agradece! E você????

Um comentário:

Cilene disse...

Oi Verônica, eu me lembro que quando pequena, as compras eram colocadas em caixa de papelão e saco de papel, e o pão que nós chamavamos de bengala vinha embrulhado num papel que eu guardava pra desenhar depois, boas lembranças...