Páginas

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Viajando com os filhos...


Vivi dois momentos mágicos numa só semana. E foram momentos díspares. Viajei em dias diferentes com cada um dos filhos e, durante o trajeto, não pude me furtar a fazer comparações. Na viagem com o caçula, do Rio para casa, o papo rolava sobre mil assuntos, ao som de Lenny Kravitz, Beagles, Dido. E eu ali, orgulhosa e feliz, certa do dever cumprido ao ver o filho no seu carro, dirigindo tranqüilo, de bem com a vida e com a cabeça cheia de sonhos. Sonhos, alguns, que também me acompanharam naquela mesma idade, mas que não pude realizar. Cantarolávamos, conversávamos um pouquinho e, às vezes, o silêncio mostrava que estávamos “viajando” por mundos só nossos. Foi a nossa primeira viagem longa sozinhos. E foi muito bom: a mãe chata, que morria de medo de ver um de seus pimpolhos na estrada, estava ali feliz, confiante, sem uma apreensão sequer.
Numa viagem mais curta, de casa para Vassouras, tive a alegria de estar com o filhote mais velho. Alegre, bonachão, em perfeita sintonia com a paisagem rural que nos cercava, ouvindo , acreditem, Sérgio Reis, Tião Carreiro e Pardinho... E nós dois, entre conversas e risos, cantávamos um trechinho das músicas. Aí me pus a pensar: como podia, filhos vindos da mesma barriga, criados na mesma casa serem tão diferentes? Tão únicos e tão maravilhosos!!! Lembrei-me do comentário de uma amiga psicóloga que os conhece desde pequenos, de que eu era uma mãe feliz porque havia possibilitado aos dois serem o que gostariam de ser, sem impor padrões, e cada um procurando caminhos diametralmente opostos.
Um, futuro executivo na cidade grande; outro, futuro veterinário em terras caipiras. Felizes, de bem com a vida, lutando por seus ideais, cada um à sua maneira. Um mais ousado, outro mais lento, ambos respeitando seu ritmo interno e as oportunidades que chegam. E volto a outra comparação que me encanta, enche meu coração de uma alegria ímpar. Ao vê-los chegarem, um do trabalho, o outro do estágio, surpreendo-me sempre. Enquanto um chega do escritório na metrópole, elegante nos seus 1,95 m, muitas vezes de terno e gravata, sério, compenetrado, mas muito feliz, o outro volta do hospital veterinário com um uniforme cáqui, enorme, comportando seus 120 kg, botas plásticas, todo sujo, cheirando a pasto, animal, e com uma alegria que não cabe em si.
Um conta das grandes empresas que fizeram alguma transação no escritório; o outro mostra, no braço, até onde foi o toque na vaca... E eu fico ali, com o pensamento longe, lembrando dos meus bebês que acompanhei dia-a-dia, sempre pedindo a Deus que os orientasse na vida, que os fizesse encontrar o seu caminho...
Acho que consegui.... e eles também....


Obs: Texto escrito em 2002 . De lá pra cá, muita coisa mudou, mas eles continuam fazendo o que gostam e me enchendo de alegria. Olho para eles , orgulhosa, e digo: Fui eu que fiz!!!

2 comentários:

ARMANDO MAYNARD disse...

Educação + liberdade + responsabilidade + amor + bons exemplos = felicidade.

Veronica Arteira disse...

Concordo com você, por isso tentamos, eu e meu marido, criá-los num lar onde imperam a educação, a liberdade, a responsabilidade, o amor e , principalmente, os bons exemplos. Sentimo-nos realizados como pais.
Obrigada por suas palavras tão certas!